sexta-feira, março 10, 2006

Hoi An: a evasao francesa

Se demorassemos tanto tempo a preparar as actividades para um destino quanto levamos a "postar" um novo episodio, ainda deviamos estar no aeroporto da Portela. Nao estamos, e a passagem por Hoi An tem inicio com uma viagem de autocarro cenica, ora junto ah costa, ora entre vales e montanhas verdejantes. As duas paragens dividem-se precisamente por um resort de praia -- onde um gelado nos custa um balurdio e a paisagem de areia-mar nos abre o apetite para tirar uns dias de "ferias" deste viajar constante -- e pelas Montanhas de Marmore, conjunto de cavernas com santuarios hindus e budistas que rejeitamos visitar a correr nos 15 minutos concedidos pelo motorista. Tempo suficiente para compreender o nome dado a este local, pejado de lojas de estatuas (fontes com golfinhos, Davids, Budas, Jesus Cristos, ninfas, bustos de Ho Chi Minh...) e objectos mais diminutos de marmore.
Hoi An eh outra historia. E leva algum tempo a preparar o percurso, ja depois de alojados num hotel gerido por mulheres, que de simpatia extrema passam a descontentamento por nao utilizarmos os prestimos de agencia de viagens que nos impingem. Compramos um inteligente bilhete turistico que permite ao viajante escolher os templos, casas de mercadores e saloes de congregacoes que prefere visitar e ocupamos a tarde com as nossas primeiras seleccoes (uma casa mercantil excepcionalmente recuperada e uma ponte japonesa coberta construida em 1593). Aos poucos, Hoi An revela-se uma cidade com um centro historico excepcional, composto por ruas estreias e edificios de dois andares -- alguns com varandins de madeira -- pintados em cores garridas. Este patrimonio mundial da UNESCO surge como um museu de um importante porto comercial do seculo XVII. Tal como em Hue, a influencia chinesa eh notoria, nos templos, no cha oferecido na casa mercantil visitada, nas lanternas vermelhas que alumiam as ruas. A sorte sorriu-nos e a nossa primeira noite na cidade eh passada entre a animacao do Festival da Lua Cheia, manifestacao que integra espectaculos de folclore e demonstracoes de artes marciais para entreter turistas, enquanto os habitantes se entregam aos seus rituais de queimar dinheiro de papel e oferecer comida aos espiritos dos antepassados. Por entre luzes vermelhas, as unicas acesas durante a noite, experimentamos a delicada gastronomia de Hoi An e os saborosos white rose (gambas enroladas numa massa fresca e cozinhadas ao vapor) tornam-se imediatamente um prato favorito. Ah influencia chinesa junta-se a requintada "joie de vivre" francesa.
Os dias seguintes confirmam que passear por esta cidade eh um regalo. Para a boca atraves do hotpot (marisco, molusco e peixe a cozer/marinar num "tacho quente" aquecido por uma brasa), da Patisserie Hoi An em que se servem delicias dignas de Paris, e pelo jantar divino no Cafe des Amis onde escolhemos um menu de seis especialidades locais confeccionadas por Mr. Kim, cozinheiro e cicerone de eleicao. E porque os olhos tambem comem, deliciamos as vistas pelas lojas de artesoes (alfaiates, sapateiros), souvenirs, e pelo mercado onde peixeiras posam para a fotografia antes de estenderem a mao a pedir dinheiro. Hoi An tem tanta vitalidade e encanto que ofusca completamente a excursao feita a My Son. Talvez por termos encontrado magnificas construcoes de estilo semelhante na India, as ruinas Cham datadas do seculo VII (e ruinas eh mesmo a palavra acertada), nao conseguem impressionar. O passeio de meio-dia a este patrimonio UNESCO, liderado por um guia extrovertido cheio de piadas decoradas e que comanda o batalhao de turistas ao som de "Camon Tiger!", acaba por ter um resultado adverso: comecamos a ficar fartos desta sucessao de excursoes que nos facilitam a vida (em termos logisticos e economicos pois esta tudo tratado e eh mais barato do que fazermos as mesmas coisas autonomamente) mas impoem ritmos e companhias que nem sempre agradam.
Nao nos cansamos eh dos Tiramisu e Black Forest da Patisserie. E la voltamos ah esplanada banhada de sol para passar as ultimas horas nesta cidade onde o ar cheira a Paris. Daqui a breves horas, o ar a circular sera diferente, mais aspero, agreste e condicionado. Pouco depois de acabar a ultima garfada, subimos para o autocarro do Cafe Sinh. Pela frente, nova viagem de 12 horas, noite dentro, ate Nha Trang. Desta vez levamos sandes na mochila... [PMM]

1 Comments:

At 11:04 da tarde, Blogger Daniel said...

oi eu presiso desta resposta pro meu livro o ta escrito asim em grupo,façauma listade palavras que tenha an/ã,am/ão; tabom e meu nome é daniel bjosssssssssssssssssss

 

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