Dia 1. Chegada tardia a Ho Chi Minh City, ex-Saigao. Autocarro cercado por uma imensidao de motos jamais presenciada.
Passeio nocturno pela cidade confirma cidade fervilhante, com os preparativos para o Tet (Ano Novo).
Regressamos ah boa comida. Avistam-se pares de turistas ocidentais com mulheres vietnamitas.
Dia 2. Excursao a Cao Dai e tuneis de Cu Chi. Guia excepcional, chamado Son, contextualiza a evolucao do Vietname atraves de uma analogia: em tempos nao longinquos, o pais vivia numa temperatura de -20 graus. Actualmente, a temperatura subiu para os zero graus. Ja nao esta tanto frio, mas ainda faz frio. O progresso esta portanto a comecar e eh preciso aprender com os "amigos estrangeiros".
Visitamos oficinas dedicadas ah arte da laca, decorada com incrustacoes de madreperola ou casca de ovo, onde os artesaos tem deficiencias fisicas, antes de rumar ao templo de Cao Dai, religiao fundada em 1919 e que agrega elementos de multiplas confissoes (budismo, taoismo, confucionismo, islamismo, cristianismo e hinduismo). O temple evidencia a mistura religiosa, com imagens de Buda, Jesus, Maome, Confucio, tectos estrelados, colunas rosa, e pinturas onde surgem "santos da casa" como o escritor frances Victor Hugo.
Nos tuneis de Cu Chi descobre-se a tenacidade e engenho dos guerrilheiros Vietcong. A rede de tuneis chegou a ter mais de 200 km distribuidos por varios niveis. Na altura da guerra, milhares de homens viviam nestas cidades subterraneas, onde uma deslocacao de poucos km levava varias horas a cumprir. Parte deste labirinto eh agora um parque tematico, com videos panfletarios a exaltar os feitos dos camaradas contra o imperialismo americano, recriacoes da vida nos tuneis, exibicao de armadilhas engendradas pelos vietcong e 100 metros de tunel reconstruido para os mais afoitos percorrerem (nos la fomos e achamos quase impossivel circular -- agachados -- naquele espaco apertado e claustrofobico).
No regresso da excursao tempo para descobrir os segredos de uma plantacao de arvore da borracha e beber agua de coco. A excursao nocturna do dia, ja por nossa conta, coloca-nos no meio de uma cidade em ebulicao: casamentos, bebida, prostitutas, pedintes, artigos festivos do Tet, tudo embrulhado em doses apoteoticas de neons, buzinadelas e barulhos de motor. Saigao (ou Ho Chi Minh, como preferirem) tem 7 milhoes de habitantes. E mais de 3 milhoes de motas, segundo o guia Son.
Dia 3. No War Remnants Museum conhecemos o outro lado da moeda sobre as atrocidades cometidas na guerra do Vietname, como o Agente Laranja (quimicos lancados por bombas norte-americanas que provocaram efeitos devastadores no meio ambiente e seres humanos) ou o massacre de My Lai.
O Palacio da Reunificacao, utilizado pelo presidente Ngo Dinh Diem e sucessores ate ao dia da "libertacao" do Vietname do Sul, permanece intocavel. Os saloes de recepcao, os quartos residenciais e o complexo subterraneo de salas de guerra estao tal e qual como foram encontrados pelo exercito vietcong, em Abril de 1975. Os dois tanques norte-vietnamitas que deitaram abaixo os portoes do Palacio sao as coqueluches do local.
O descanso das passeatas eh feito numa esplanada a saborear gelado de morango de Dalat. Ao jantar, compro um livro a uma das vendedoras que carrega uma pilha de obras locais e grandes bestsellers internacionais. O livro eh fotocopiado e acaba abruptamente numa pagina sem o habitual The End. Entretanto ja o li e parece-me que estava completo. Mas nunca se sabe neste Vietname. [PMM]