sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Vietname: o tigre da Asia

A decisao de voarmos pela Vietnam Airlines em detrimento da pouco auspiciosa Lao Air nao evita que sejamos apresentados a um aviao que parece demasiado pequeno. A aeronave eh perfeitamente suficiente para uma viagem tao curta (pouco mais de 1 hora), mas os ultimos voos que efectuamos deixaram a impressao de que os avioes sao todos grandes, gigantes, jumbos... Somos recebidos por hospedeiras de bordo vestidas com uma tunica vermelha, cor com que nos habituamos a conviver durante a travessia do Laos. O voo decorre sem sobressaltos ah excepcao do casal ocidental, sentado nos lugares ah nossa frente, que deu a toda a cabine uma demonstracao ao vivo de um par apaixonado (?), exibicionista e embriagado.
A entrada em solo vietnamita faz-se atraves de um aeroporto moderno que, espero, servirah de uma vez por todas para acabar com a ideia de que estes paises mais "exoticos" sao todos subdesenvolvidos. Os efeitos da India, concluo, demoram demasiado tempo a esvair-se. Passado o controlo do passaporte no qual a AV fica algum tempo retida por nao ter um destino/hotel concreto escrito na folha de entrada (eu tambem nao tinha e nao mo pediram), admiro a ordem do aeroporto enquanto espero que as mochilas aparecam no tapete rolante. Por essa altura ja um rapaz se acercou da AV para lhe mostrar discretamente um folheto de hotel. Exactamente o mesmo alojamento que tinhamos declinado numa abordagem feita ainda no aeroporto do Laos. O certo eh que este marketing inter-nacoes da bastante jeito. Aceitamos ir ver o hotel proposto e somos transportados para a cidade num carro confortavel, por um preco inferior ao que pagariamos se utilizassemos os meios de transporte locais. O servico VIP prossegue com o quarto que nos eh apresentado. TV, casa de banho, cama, quarto, servidos em doses gigantes. Praticamente uma suite -- com frigorifico recheado de aguas, cervejas e colas -- tendo em conta os standards a que estamos habituados.
"Nem tudo o que reluz eh ouro", "o barato sai caro" e por ai fora devem estar a dizer. E com razao. O regresso aos tempos aguerridos do Norte da India inicia-se com o valor pedido pelo quarto, superior ao que nos tinha sido indicado pelos "agentes" em qualquer dos aeroportos. Levamos a nossa avante mas mal descemos para ir jantar somos apanhados por uma senhora que comeca a disparar excursoes e bilhetes e viagens por todos os poros. Quando conseguimos escapar ja vamos com a certeza de que a nossa estada ira ser complicada... Mas talvez nao tanto como atravessar uma simples rua. Aqui no Vietname as motos sao ainda em maior numero do que na Tailandia. E nao param - nem sequer abrandam! - para deixar os peoes passar. A solucao, aprendida a custo e a medo, eh simplesmente comecar a atravessar, num passo lento mas decidido, e nao ceder ah tentacao de parar a meio do caminho, sejam la quantos forem os veiculos de duas rodas que se aproximem ameacadoramente. Simplesmente olhamos determinados para os condutores e confiamos que estes ases da estrada orientarao as respectivas rotas em conformidade com todos os movimentos que entram nesta dificil equacao.
Poderia bem ter sido em vao esta aprendizagem rapida de como atravessar uma rua em Hanoi se, regressados ao quarto, a AV nao reparasse que as garrafas de agua, embora de diferentes marcas, tinham selos iguais. Uma inspeccao pormenorizada revela que todas as garrafas estavam abertas e que os selos eram, portanto, falsos. A ingestao daquela agua, certamente da torneira, poderia causar-nos problemas de saude. O sonho da suite desmorona-se por completo. Ainda por cima, a grande TV apenas conseguia sintonizar um unico canal... Percebemos que, neste Vietname, voltaremos a precisar dos sentidos em estado de alerta. Antes de apagarmos a luz para descansar de um dia cansativo ja tomaramos a decisao de nos levantarmos cedo para procurar novo pouso. [PMM]