quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Halong Bay: a mae de todas as excursoes

Deixamos propositadamente Halong Bay para o final das excursoes planeadas. As viagens anteriores tinham a funcao de servirem tambem como um teste as agencias de viagens escolhidas. Sem mais "cartuchos" para gastar, voltamos a arriscar um tiro no escuro, ou seja, seleccionar um operador turistico com base no instinto. Como o clima teima em manter-se nublado, optamos por uma excursao de um dia, obviamente curta para apreciar devidamente este patrimonio com chancela da UNESCO. Sabemos, no entanto, que o tempo frio impediria os banhos de sol e de mar "anunciados" em todos os folhetos. A viagem de autocarro que nos leva a Halong Bay provoca boas impressoes: a guia fala um ingles bastante aceitavel e o grupo parece animado. Chegados ao porto onde centenas de barcos, grandes e pequenos, esperam ansiosamente por turistas, somos divididos por subgrupos consoante os dias de excursao. Ja no nosso "galeao" de one-day-tour, bastam poucos minutos para se instalar o bom ambiente, em grande parte devido a um comunicativo norte-americano, tambem a fazer uma volta ao mundo (o que o levou a passar por Lisboa), que se encarrega de fazer a ponte entre os excursionistas. Demorou um pouco mais de tempo a apreciar a beleza de Halong Bay, conjunto de cerca de 2 mil ilheus espalhados pelo golfo de Tonkin. As formacaoes rochosas que emergem da agua dispersam-se por diferentes tamanhos e assumem formas peculiares (o simbolo de Halong Bay sao dois monolitos que parecem galos a lutar). Alem da passagem pelos ilheus, a navegacao tem paragem numa das ilhas de maiores dimensoes, onde visitamos duas grutas em que as estalagtites e estalagmites assumem formas e proporcoes esplendidas, embora nem sempre com os significados mirabolantes e rebuscados que os guias tentam impingir. As iluminacoes artificiais dao um toque colorido e surreal as cavernas.
O almoco eh servido a bordo enquanto estamos atracados perto de uma aldeia piscatoria de casas construidas na agua. Saltamos para uma das construcoes assentes em estrados de madeira para observarmos uma especie de fastfood marisqueiro (ve-se o marisco/peixe nos viveiros, escolhe-se, paga-se e espera-se que seja cozinhado). Ao largo da nossa embarcacao, avistamos um pequeno bote cheio de miudos. Aproximam-se e pedem dinheiro. E nao deixam de pedir. Depois tentam abordar o barco. Sao rufias, mas nao sao miudos da rua porque vivem no mar. Regressam a casa depois de fazerem gestos atrevidos sobre a AV (sem ela ver). Um cao espera-os na plataforma de madeira que forma o cais da habitacao. O animal eh arrastado para dentro de casa. Seguem-se ganidos intensos. Depois um silencio desolador. Nao voltamos a ver o cao.
No regresso da excursao, a conversa flui no tombadilho entre um casal portugues (sim, nos), um par composto por um irlandes e uma belga (tambem numa grande viagem que tinha em comum a passagem inicial pela India) e um dos guias da excursao. Fala-se de varios assuntos e tambem do cao. O rapaz confirma que pode bem ter sido morto. A carne de cao eh uma iguaria no Vietname, sendo comum a existencia do "petisco" em dias festivos. Ate pode acontecer que, por uma ocasiao especial - como receber a visita de familiares - se mate o cao da casa para compor a mesa... Enquanto os ocidentais expressam a sua tristeza pelo destino dos "pobres" animais (no fundo, percebemos que eh uma questao cultural mas esta eh daquelas que nos custa a digerir...), o guia vietnamita solta uma gargalhada franca e contagiante enquanto diz "Vietnamese eat everything!!!"
Nos nao e depois de satisfeita a curiosidade sobre Halong Bay, maravilha plenamente confirmada apesar do dia cinzento, a noite em Hanoi eh adocicada pela descoberta duma geladaria frequentada por jovens (e respectivas motas) locais e sem menu em ingles. Pedimos um cone de "cocoa" que parece suficientemenre parecido a cacau. Delicioso. O segundo cone, ja munido de respectiva bola de gelado, eh comprado sem perceber o sabor em causa. Volta a agradar, justificando plenamente a afluencia dos adolescentes. O trajecto para o quarto, apesar de uma Hanoi friorenta e ja meio deserta, eh saboroso. E provoca a vontade de voltar um dia, mais solarengo, a esta cidade. Para repetir a dose de gelados e descobrir novos cambiantes de Halong Bay. [PMM]