quinta-feira, julho 27, 2006

O Rio de Janeiro continua lindo

E Lisboa também.
No dia 16 de Julho de 2006, domingo de calor sufocante, aterrou um avião no aeroporto da Portela proveniente de Madrid. Para muitos passageiros, a pequena viagem representava o início de uma temporada de descoberta. Para dois deles significava o regresso a um solo que não pisavam há mais de 8 meses.
Partimos do Rio de Janeiro quase 24 horas antes. Na cidade carioca, efectivamente uma das mais lindas do mundo inteiro, vivia-se o período de Inverno, caracterizado por passeios no calçadão de Copacabana aos finais de tarde dos dias de semana e por dias de banhos de sol e mar ao fim-de-semana. Os cariocas vivem o "Verão" o ano inteiro. O período invernal reflecte-se, apenas, numa brisa fresca, suave, agradável.
A cidade maravilhosa foi o derradeiro capítulo de uma saga de oito meses e meio, iniciada na caótica Mumbai da Índia. A sorte acompanhou-nos como foi hábito e do Rio apenas ficaram boas recordações. O samba, chorinho e bossa nova omnipresentes, as areias de Ipanema e Copacabana, o bairro Santa Teresa que mimetiza o Bairro Alto lisboeta, as insuperáveis vistas a partir do Corcovado e do Pão de Açúcar, a grandeza dimensional e histórica do Maracanã. Foram sete dias de "tropicalismo" a findar meses de sensações e emoções tão diferentes quanto inesquecíveis.
Como indefectíveis "torcedores de nariz" aos "diários" bloguísticos, a nossa intenção inicial era descrever tudo, a par e passo, aos nossos amigos e familiares. Estávamos longe de imaginar que a nossa viagem poderia interessar a outras pessoas. E que haveria leitores a ultrapassar a inicial "inveja" (sentimento que até alguns dos mais chegados não conseguiram ocultar) para se deixar (en)levar (?) pelas histórias contadas por quem aprendeu, ainda mais, a amar a diversidade deste mundo em que vivemos.
O regresso a Portugal remeteu-nos para realidades sobejamente conhecidas deste país -- as burocracias das finanças, por exemplo -- mas também para novos modos de viver (n)este local. A luz de Lisboa parece agora ainda mais radiosa. O fado surge como uma referência inevitável, a sorver com outra predisposição. No fundo, descobrimos um pouco do que é ser-se português -- nas condicionantes positiva e negativa -- enquanto andávamos mundo fora.
Agora estamos cá, por enquanto sem Internet. Como bons portugueses, "desenrascamo-nos" como podemos. Mas existe uma espécie de "dívida" para com as pessoas "anónimas" que entretanto se juntaram à nossa viagem. Ficaram histórias por contar. Ficaram imagens por mostrar.
Penso que ainda não mudámos o "torcer de nariz" aos blogues. Mesmo se tal tivesse ocorrido, agora não teríamos novas "aventuras" a relatar. Além disso, como jornalistas, vamos ter de procurar (re)aproveitar as experiências vividas e recolhidas ao longo deste tempo. É preciso ganhar a vida. Por falar nisso, haverá por aí algum editor escondido entre os leitores anónimos?!? :-)
Ainda assim, a dívida existe. Simplesmente porque não têm preço as mensagens de apoio deixadas por aqui. É preciso retribuir o carinho que sentimos, a milhares de quilómetros de distância, ao ler as frases compostas para nós. Resta-nos tentar, assim que a Internet regressar ao nosso lar, recordar uma ou outra historieta, ilustrada em palavras e imagens.
Até lá, obrigado por nos terem acompanhado. [PMM]