quarta-feira, junho 21, 2006

Hue, Vietname


Hue, Vietname
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A terminar, a geometria do bonsai.

Hanoi, Vietname


Hanoi, Vietname
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A curta angústia do sinal vermelho. Sem carros.

Macau, China


Macau, China
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O melhor bacalhau à brás de Macau (e não só). A ementa tinha os resultados do campeonato de futebol português e respectiva classificação.

Macau, China


Macau, China
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Nunca foi tão fácil encontrar o local desejado.

Macau, China


Macau, China
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Vitória de Setúbal-Benfica. Só podia ser em Macau.

Quioto, Japão


Quioto, Japão
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De yukata num ryokan. Confusos? Também nós estivemos.

Tóquio, Japão


Tóquio, Japão
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Noite chuvosa na cidade do neon.

Hong Kong, China


Hong Kong, China
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Hong Kong: uma cidade com ruas repletas de lojas especializadas. Peixes, pássaros, flores, ginseng...

Quioto, Japão


Quioto, Japão
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Gueixa-time. Apenas em espectáculo, claro.

Hong Kong, China


Hong Kong, China
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Festival de luz e neon na noite de Hong Kong.

Quioto, Japão


Quioto, Japão
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Templo dourado, ex-libris de Quioto.

terça-feira, junho 20, 2006

Tóquio, Japão


Tóquio, Japão
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"Concerto" no parque, sábado à tarde. E os tipos eram bons.

Halong Bay, Vietname


Halong Bay, Vietname
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Aldeia flutuante de pescadores (e não só) na baía de Halong.

Hoi An, Vietname


Hoi An, Vietname
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O Vietname também tem palmeiras.

Ho Chi Minh, Vietname


Ho Chi Minh, Vietname
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Frenética ex-Saigão.

Cameron Highlands, Malasia

Plantações de chá

domingo, junho 18, 2006

Elipse cinematográfica

"No escurinho do cinema,
chupando drops de anis,
longe de qualquer problema,
perto de um final feliz."
Rita Lee

O ecra ilumina-se. Um barco navega no rio Mekong. Tem forma de aviao. Reformulo: a parte superior do barco é a fuselagem de um velho aviao. Estamos no Camboja. Elipse cinematográfica. Estamos num comboio com "focinho" pontiagudo. Tal como um aviao. Chamam-lhe "comboio bala". Estamos no Japao, afinal. E parece que pelo caminho passámos por Bangkok, Singapura, Malásia, Hong Kong e Macau.
Elipse. A fronte nao engana. Parece um aviao. Desta vez é. Estamos a aterrar no aeroporto de Sydney, Austrália. E depois o mesmo cenário, desta vez sem necessitar de elipses, na Nova Zelândia. E no Chile. E na Ilha de Páscoa, final das andanças aéreas. Desde entao as elipses fazem-se com autocarros. Horas e horas de viagens, entre Chile, Peru, Bolívia, Argentina.
Passaram meses desde a viagem de barco que atravessou a fronteira entre o Vietname e o Camboja. Passaram demasiados risos e choros, demasiados deslumbres e dificuldades, para que este "filme" seja mais do que uma manta de elipses. Um repositório de frases sintéticas, de ideias quase abstractas. A memória existe, algumas fotos também. Mas resgatá-las em tempo útil para este local é uma missao verdadeiramente impossível.
Há sensaçoes que levam tempo a descrever. O tempo, também por aqui, é bem escasso e precioso. E, à medida que o fim desta viagem se aproxima, mais sobe a cotaçao do tempo. Como enunciar os arrepios sentidos na prisao do regime de Pol Pot onde morreram milhares de cambojanos? E as maravilhas de descobrir durante três dias consecutivos os recantos dos inúmeros templos de Angkor? A viagem turbulenta até à Tailândia, com passagem surreal de fronteira (mochila às costas à procura do novo transporte). A noite ainda mais caótica em Bangkok, cidade do sexo e álcool. Os templos budistas com estátuas tao douradas que ofuscam. A Singapura moderna, automatizada, pretensamente artificial, que lançou um feitiço sobre os viajantes em forma de festival carnavalesco. A Malásia muçulmana, exemplo de tolerância religiosa, bofetada nas ideias pré-concebidas do Ocidente. A Hong Kong cosmopolita a diferenciar-se do resto da China (que nao visitámos). E a Macau onde ainda se pode comer Bacalhau à Brás, pastéis de nata e encontrar a campa "perdida" de uma bisavó.
E como escrever sinteticamente sobre esse mundo à parte que é o Japao? Onde gueixas vestidas a rigor se cruzam na rua com executivos vestidos a rigor, entre raparigas com trajos de "boneca-Barbie" ou a simples mas provocante farda escolar. Onde templos centenários e arranha-céus modernos comungam espaços em cidades que pertencem tanto ao passado como ao futuro. Onde os caracteres nos sao desconhecidos, transformando o visitante numa pessoa perdida sem traduçao. Tal como no filme de Sofia Coppola.
As elipses prosseguem. Voamos até ao centro da Austrália, imensa regiao de terra vermelha árida, composta por planícies a perder de vista e habitada por aborígenes desfasados do mundo moderno que nao é seu. No meio deste quase nada, a magia de um local sagrado como a hipnótica rocha Uluru, onde o nascer e por-do-sol é sempre diferente. As cidades de Melbourne e Sydney vibram com museus excelentes, arquitecturas excepcionais (que dizer da Opera de Sydney?), bairros artsy onde se come -- finalmente -- de forma deliciosa e se visitam lojas/galerias avant-garde.
A Nova Zelândia recebe o visitante com outro tipo de vibraçoes. Umas plácidas, inerentes à contemplaçao de paisagens de sonho -- quase irreais -- compostas por planícies/vales verdes e montanhas brancas, sempre com vacas, ovelhas, cavalos a comporem o quadro. Outras mais frenéticas: conhecer a forte cultura maori, observar baleias (e uma delas passar por baixo do nosso barco), escalar parte de um glaciar, fazer skydive.
A descida é vertiginosa. Durante 40 segundos que parecem uma eternidade estamos suspensos no ar. O solo aproxima-se rapidamente. O ar fustiga a face. A adrenalina é inebriante. Nova elipse. Lá em baixo as cores mudam. E faltam as ovelhas. Estamos num novo continente. Surgem figuras de pedra, gigantes. Chamam-lhes moai. Saltámos de um aviao na Nova Zelândia e aterrámos na Ilha de Páscoa, no meio do Pacífico. E descobrimos um dos locais mais remotos e enigmáticos da terra. Ou melhor, retiramos parte do mistério às famosas estátuas. Agora tudo é mais claro.
É mais clara a beleza natural do lugar escolhido pelos Incas para construir Machu Picchu. Ou da cidade de Cusco, no Peru, ter sido o centro do império inca. E de que sao formadas as ilhas artificiais flutuantes, construídas pelos Uros no lago Titicaca, massa de água gigante (em dimensao e em altitude) pertencente tanto ao Peru como à Bolívia.
No museu de La Paz aprendemos que o cultivo da folha de coca, preciosa auxiliar na forma de chá para a vivencia a 4 mil metros de altitude, é secular e nada tem a ver, segundo as tradiçoes camponesas, com a droga que se consome nos "vizinhos" Estados Unidos da América e outros países desenvolvidos. Em Uyuni descobrimos o significado de ter frio e ficar com os pés literalmente gelados. Mas também conhecemos a simpatia dos bolivianos e dois "belos" diferentes: um branco, do mar de sal, outro colorido, das lagunas.

A descida dos 4 mil metros de altitude em que vivemos durante semanas é menos vertiginosa. A Argentina (tal como o Uruguai) recebe os visitantes com outro tipo de chá -- mate --, de atitude (mais cosmopolita), e de bife. Troca-se a carne de alpaca pela de vaca e ficamos perante os melhores bifes do mundo. Seja em Salta, Mendoza, Córdoba, Rosário. Ou em Colonia del Sacramento, onde um museu feito de pedra e madeira se preenche de azulejos, cartas de marear, réplicas de naus, estandartes com escudos reais, mostrando que os portugueses também deixaram sementes em terras agora uruguaias. E numa das cidades mais fantásticas da viagem, a alma bem poderia ser lusa. "Mi Buenos Aires querida", cantava Carlos Gardel, com sentimento que nos lembra o fado. Resta acompanhá-lo enquanto se visitam bairros, museus e mitos (a inevitável Evita) ao som do tango.
Os sons agora, neste presente sem elipse, sao outros. Grita-se golo de Portugal. Ouvem-se os gritos de "gol" da Argentina. Como som de fundo estão as cataratas do Iguazu, torrente portentosa de água a cair no abismo, geradora de novas experiências inesquecíveis. As cataratas sao tao grandes que se podem observar a partir de dois países. Por isso, a próxima paragem já se chama Iguaçú, terra de samba. Amanha grita-se gol. Do Brasil. E esperemos que esta viagem, agora quase no fim, possa fechar com novo grito de golo. De Portugal. Se assim for, a elipse será perfeita. [PMM]