Bangkok, Tailandia
uivado por av pm @ 10:34 da manhã
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Lobos sem Estepes
"Teatro mágico. Entrada não para todos — não para todos... Só — para — lou — cos!"
O Lobo das Estepes, Hermann Hesse
Relatos de viagem de dois "lobos", sob o auspício de Hermann Hesse e outra "iluminação" menos literária.
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Um dia estive frente a frente, de lado, com este Buda deitado. Sentei-me. Estava a arfar de cansaço - eu, o Buda não me parecia. Tinha andado por Banguecoque a pé, cheirado a China naquela rua infernal e recusado todos os tuk-tuk da vida! Sabia que morria gente de mais por hora na cidade onde o coração do Sião bate e quase todos os reis são Rama!
Fiz-lhe uma foto dos pés à cabeça, literalmente, e da mente não me saía a imagem de uma velha a mascar tabaco e a perdoar os pecadores (que pecado o meu falar como se a mulher fosse cristã e eu fosse católico - não sou).
Nessa mulher, que vira na madrugada anterior, num parque central da cidade, paredes meias com o Patpong, vislumbrava uma aldeã portuguesa reconhecida como bruxa, uma africana feiticeira ou uma baiana típica de um ritual camdomblé.
Esse Buda é uma estátua! Deitada, mas uma estátua!
Cheirava-me a tabaco mascado, a mistura de cuspo com ignorância, mas o ouro do Buda brilhava e o silêncio tornava-o audível, como uma onda distante que não ameaça.
Pois, Andreia, escrevi mais hoje, mas foi numa coisa antiga.
Andam agora de (mo)Chile às costas e eu já vos tinha perdido.
Espero que o meu post (é assim?) chegue para o Buda se levantar. De resto, estava a ser preciso sua divindade tomar conta dessas mulheres que mascam tabaco e o cospem pelos parques. Dava uma voltinha, comia pato assado e fruta das oferendas a Rama IV ou V e punha na ordem as cuspideiras.
Já volto!
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